
Ícones de Estilo que Marcaram Época: Referências Atemporais da Moda e da Cultura
16 de outubro de 2025 0 Por Humberto PresserIntrodução
Quando falamos em ícones de estilo que marcaram época, não nos referimos apenas a pessoas bem-vestidas ou que ditaram tendências momentâneas. Estamos tratando de figuras cuja presença, visual e atitude transcenderam seu tempo e se transformaram em referências atemporais da moda e da cultura. Ícones assim são capazes de influenciar gerações, definir estéticas duradouras e dialogar com os valores culturais de sua época – e das posteriores.
O estilo, ao contrário da moda passageira, é uma expressão duradoura de identidade. Enquanto as tendências vêm e vão, o estilo permanece. Um ícone é reconhecido não apenas pelo que veste, mas pela maneira como veste, pela narrativa por trás de suas escolhas estéticas, e pelo contexto social, político ou artístico em que está inserido. Por isso, compreender quem são esses ícones e como eles moldaram a maneira como pensamos a moda e a cultura é fundamental para entender a própria evolução do comportamento humano, das artes e da sociedade.
Este artigo explora em profundidade as diferentes décadas que marcaram a história da moda, os personagens que as definiram, e como o conceito de estilo atemporal continua relevante até hoje. Também vamos analisar como a moda reflete os movimentos sociais, como os estilos se reciclam, e de que forma você pode incorporar elementos icônicos ao seu próprio guarda-roupa, de maneira autêntica.
O que são Ícones de Estilo e Por Que Eles Importam?
A ideia de “ícones de estilo” pode parecer subjetiva à primeira vista, mas existem características comuns que tornam certas figuras memoráveis no imaginário coletivo. Em essência, um ícone de estilo é alguém que não apenas segue a moda — ele a redefine. São pessoas que transformam a maneira como nos vestimos, pensamos e nos expressamos. Eles criam tendências, rompem padrões e incorporam símbolos culturais através da estética.
Esses ícones não são apenas modelos visuais; eles são representações culturais. A escolha de uma roupa pode simbolizar resistência política, liberdade pessoal, rebeldia, sensualidade ou sofisticação. O estilo de uma pessoa se torna um discurso visual. Por isso, um ícone é relevante não apenas pela aparência, mas pela mensagem que ela transmite em determinado contexto histórico.
Características de um Ícone de Estilo Atemporal:
- Autenticidade: Eles vestem o que representa quem são, não o que esperam deles.
- Consistência com Inovação: Mesmo sendo reconhecíveis, reinventam-se ao longo do tempo sem perder essência.
- Influência Cultural: Inspiram artistas, designers, marcas e o público geral por décadas.
- Narrativa Pessoal Forte: Suas escolhas de estilo refletem suas histórias, posicionamentos ou causas.
- Impacto Intergeracional: Sua influência ultrapassa seu tempo, atingindo novas gerações mesmo após sua morte.
Por que Ícones de Estilo são Relevantes Culturalmente?
A moda é uma manifestação da cultura. Ao estudar o estilo de uma época, entendemos seus conflitos, aspirações e transformações sociais. Ícones como Coco Chanel, Frida Kahlo, James Dean e Madonna não marcaram época apenas por seus trajes, mas porque seus visuais se conectavam com movimentos históricos, rupturas sociais ou estéticas disruptivas. Eles materializavam um espírito de época — o famoso “zeitgeist”.
Além disso, esses ícones ajudam a democratizar a linguagem da moda. Ao transformar roupas comuns em símbolos de atitude ou revolução estética, eles inspiram pessoas comuns a se apropriarem de seu próprio estilo, adaptando referências para diferentes contextos culturais e econômicos.
Estudo de Caso: Coco Chanel
- Antes de Chanel, mulheres usavam espartilhos rígidos, saias longas e roupas pouco práticas.
- Chanel trouxe o estilo “masculino” para o guarda-roupa feminino, com calças, camisas de botão e o famoso tailleur.
- Seu uso de tecidos simples como o jersey e sua defesa da liberdade feminina transformaram o visual da mulher do século XX.
- Chanel não apenas mudou o que as mulheres vestiam, mas também como se sentiam ao se vestir.
Em suma, ícones de estilo são pontes entre o tempo e a identidade cultural, entre a estética e o posicionamento. Entendê-los é também entender como a humanidade usa a aparência para comunicar sua alma e seu tempo.
Décadas que Moldaram a História da Moda e seus Ícones
Ao longo do século XX e início do XXI, a moda evoluiu de maneira vertiginosa, sempre em diálogo com o momento histórico. Cada década revelou figuras icônicas cujos estilos sintetizavam os valores e transformações sociais da época. Esses ícones de estilo que marcaram época não apenas vestiram a moda de seu tempo — eles a interpretaram, reinventaram e eternizaram.
Anos 1920 – A Era do Jazz e da Liberdade Feminina
A década de 1920 foi marcada por uma explosão de liberdade e experimentação. Após a Primeira Guerra Mundial, as mulheres começaram a conquistar mais espaço na sociedade, e isso se refletiu diretamente na moda. O estilo “flapper” rompeu com séculos de vestuário feminino restritivo. Vestidos curtos, franjas, cabelos curtos (bob cut), maquiagem intensa e uma atitude ousada marcaram o período.
Ícones da década:
- Josephine Baker: dançarina e cantora afro-americana que conquistou a Europa. Seu visual extravagante com penas, lantejoulas e ousadia representava a liberdade de expressão.
- Clara Bow: estrela do cinema mudo, com seu olhar expressivo, lábios marcados e cabelo curto, influenciou milhares de mulheres.
Contribuição Cultural:
- Abandono do espartilho.
- Popularização da silhueta reta.
- Valorização do corpo em movimento — ideal para dançar jazz e charleston.
Anos 1950 – Elegância Clássica e Glamour
Depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial, os anos 50 trouxeram um retorno à ordem e à feminilidade idealizada. A alta-costura parisiense floresceu, com Christian Dior introduzindo o “New Look” — cinturas marcadas, saias amplas e tecidos luxuosos.
Ícones da década:
- Audrey Hepburn: com seu visual minimalista e sofisticado, eternizou o “pretinho básico” em Bonequinha de Luxo.
- Marilyn Monroe: símbolo de sensualidade com curvas acentuadas, vestidos justos e lábios vermelhos.
- James Dean: ícone masculino rebelde com jaqueta de couro, jeans e camiseta branca — um estilo que ainda ecoa hoje.
Contribuição Cultural:
- Reafirmação dos padrões tradicionais de beleza.
- Ascensão do consumo de massa e da moda prêt-à-porter.
- Início da juventude como categoria de estilo e mercado.
Anos 1960 e 1970 – Contracultura, Psicodelia e Liberdade de Expressão
Estas duas décadas foram talvez as mais revolucionárias na história da moda. O mundo vivia protestos, revoluções sexuais, luta por direitos civis, a Guerra do Vietnã e a corrida espacial — e tudo isso se refletiu nas roupas. A moda tornou-se experimento, atitude e protesto.
Ícones das décadas:
- Twiggy: modelo símbolo da estética mod, com seus olhos marcados e vestidos geométricos curtos.
- Janis Joplin e Jimi Hendrix: misturavam moda boêmia com peças étnicas e psicodélicas.
- David Bowie: com sua persona Ziggy Stardust, desafiou os limites de gênero, beleza e comportamento.
Contribuição Cultural:
- Estética unissex e andrógina.
- Expansão da moda hippie, oriental e artesanal.
- Apropriação cultural e questionamento de normas tradicionais de gênero e beleza.
Anos 1980 – Excesso, Poder e Cultura Pop
O estilo dos anos 80 era o reflexo da ambição e da exuberância. Com o crescimento das corporações, do capitalismo agressivo e da cultura de celebridade, a moda tornou-se uma arma de visibilidade e poder. Ombreiras, cores neon, tecidos sintéticos e visuais performáticos marcaram a década.
Ícones da década:
- Madonna: uma camaleoa estética que transformava looks em discursos feministas e pop.
- Prince: mesclava sensualidade, androginia e luxo com ousadia incomparável.
- Grace Jones: ícone de empoderamento e estética futurista com forte presença visual.
Contribuição Cultural:
- Explosão da moda de rua e da cultura do videoclipe.
- Estética maximalista e teatral.
- Surgimento das supermodelos e da moda como espetáculo.
Anos 1990 e 2000 – Minimalismo, Grunge e Afirmação da Identidade
Se os anos 80 gritaram, os 90 sussurraram. O estilo grunge e minimalista nasceu como reação ao excesso da década anterior. Ao mesmo tempo, a moda passou a refletir uma busca por autenticidade e identidade individual.
Ícones das décadas:
- Kate Moss: corpo magro, expressão distante, estilo natural — a “heroin chic” virou padrão.
- Kurt Cobain: camisa xadrez, jeans rasgado, cabelo desgrenhado — o anti-herói estiloso.
- Rihanna (início de carreira): já apontava a diversidade e fluidez que marcariam os anos 2010.
Contribuição Cultural:
- Valorização da estética de rua e do “menos é mais”.
- Fortalecimento do conceito de estilo pessoal acima de tendências.
- Maior presença da diversidade étnica e de gênero na moda.
Moda como Reflexo e Motor da Cultura
A moda é muito mais do que estética. Ela é uma ferramenta simbólica que expressa, traduz e, muitas vezes, antecipa os movimentos culturais. Ao mesmo tempo em que reflete os valores, tensões e desejos de uma sociedade, a moda também pode ser um instrumento de transformação social, desafiando padrões e criando novas formas de identidade. Por isso, os ícones de estilo que marcaram época não são apenas pessoas bem-vestidas: eles representam ideias, rupturas e conexões entre o vestir e o viver.
A Moda Como Espelho da Sociedade
A maneira como nos vestimos diz muito sobre o tempo em que vivemos. Durante períodos de crise, por exemplo, há uma tendência ao uso de roupas mais sóbrias, materiais reciclados ou reutilização de peças. Em contrapartida, tempos de crescimento econômico costumam trazer exuberância, luxo e experimentação.
Exemplos históricos de moda como reflexo social:
Período | Movimento Cultural | Impacto na Moda |
---|---|---|
Pós-Primeira Guerra (1920) | Emancipação feminina | Vestidos curtos, ausência de espartilho, cabelo curto |
Década de 1960 | Contracultura, revoluções civis | Estética hippie, roupas étnicas, unissex |
Década de 1980 | Capitalismo, poder corporativo | Moda executiva, ombreiras, brilho, excesso |
Anos 2000–2010 | Tecnologia e individualismo | Personalização, fast fashion, moda de rua |
A moda sempre responde à cultura, mas também a desafia, como um provocador silencioso que questiona normas sociais. A minissaia nos anos 60 não foi apenas uma tendência: foi um símbolo de libertação sexual. O visual punk dos anos 70 e 80 não era apenas um estilo rebelde: era um grito contra o sistema. O black power não era só um penteado: era resistência política e orgulho racial.
A Moda Como Agente de Mudança
Assim como reflete, a moda também age. Designers, modelos, artistas e personalidades ao longo da história utilizaram seu visual para questionar padrões, denunciar exclusões ou propor novas visões. E, muitas vezes, foram essas atitudes estéticas que abriram caminhos para mudanças estruturais.
Estudos de caso notáveis:
- Carmen Miranda e o imaginário tropical: com seus turbantes, saias de babado e frutas como adorno, ajudou a internacionalizar uma estética brasileira (ainda que caricata), influenciando gerações de estilistas e artistas.
- Frida Kahlo: incorporou o traje tradicional mexicano como forma de resistência cultural e afirmação de identidade. Seu visual é hoje um símbolo de empoderamento feminino e de estética decolonial.
- Grace Jones: sua androginia radical e estilo futurista desafiou as fronteiras entre masculino e feminino, moda e performance, moda negra e estética mainstream.
Moda, Cultura e Representatividade
Nas últimas décadas, cresceu a consciência de que a moda não pode ignorar os debates sobre inclusão, representatividade e identidade cultural. Os ícones de estilo contemporâneos surgem não apenas da indústria da moda, mas também de espaços de resistência, como comunidades LGBTQIA+, indígenas, negras e periféricas, que vêm propondo novas narrativas visuais — muitas vezes invisibilizadas pelos grandes centros de poder.
Nesse cenário, torna-se essencial entender que a moda pode amplificar vozes, gerar identificação e construir pontes entre o individual e o coletivo. Ela é cultura viva — e quem a veste, também.
Referências Atemporais: O Que Torna um Estilo Eterno?
Nem tudo o que é tendência permanece. Muitas peças e estilos ganham fama momentânea, mas desaparecem tão rápido quanto surgem. Em contraste, certos elementos atravessam gerações, reaparecendo com pequenas variações, sempre relevantes. Esses são os que chamamos de referências atemporais da moda e da cultura — marcas visuais e simbólicas que resistem ao tempo, às mudanças tecnológicas e às transformações sociais.
Características de um Estilo Atemporal
Um estilo considerado atemporal não é datado, mesmo quando originado em décadas passadas. Ele é reinterpretável, versátil e, acima de tudo, carregado de significado duradouro. Abaixo, alguns dos pilares que sustentam essa longevidade:
- Simplicidade e Elegância
Peças com cortes limpos, cores neutras e poucos excessos tendem a sobreviver melhor à passagem do tempo. Um terno bem cortado, uma camisa branca, um vestido preto — são exemplos clássicos. - Funcionalidade e Conforto
Elementos que unem forma e função tendem a se manter relevantes. O jeans, criado como uniforme de trabalho no século XIX, é até hoje uma das peças mais presentes no guarda-roupa contemporâneo. - Narrativa Cultural Forte
Quando uma peça ou estilo está associado a um símbolo ou movimento social relevante, sua permanência se reforça. Exemplo: o trench coat criado para soldados da Primeira Guerra Mundial virou símbolo de sofisticação no pós-guerra. - Reinterpretação Contínua
Um estilo atemporal nunca morre — ele é revisitado e reinventado por diferentes gerações. A estética dos anos 1970, por exemplo, aparece recorrentemente em coleções contemporâneas.
Peças e Estilos que se Tornaram Referências Eternas
Elemento | Origem | Por que é Atemporal? |
---|---|---|
Vestido Preto (Little Black Dress) | Popularizado por Coco Chanel nos anos 1920 | Simples, elegante, adaptável a qualquer ocasião |
Jeans Levi’s 501 | 1873, EUA | Durável, versátil e símbolo de juventude e rebeldia |
Camisa Branca | Presente desde o século XIX | Minimalista, democrática, pode ser formal ou casual |
Terno Masculino | Século XIX, Inglaterra | Estrutura clássica, símbolo de poder e elegância |
Óculos Wayfarer (Ray-Ban) | Década de 1950 | Ícone cultural usado por músicos, atores e designers |
Estilo Atemporal x Tendência Passageira
Enquanto tendências se esgotam no ciclo das estações, o estilo atemporal transcende modismos, permitindo uma relação mais autêntica e consciente com o vestir.
Estilo Atemporal | Tendência Passageira |
---|---|
Foco na identidade | Foco na novidade |
Versatilidade | Exibição de atualidade |
Qualidade e durabilidade | Consumo rápido e descartável |
Inspiração em símbolos culturais | Resposta a um hype momentâneo |
Exemplo de Reinterpretação Atemporal: O Blazer
O blazer, originalmente usado por marinheiros britânicos, passou por inúmeras ressignificações:
- Anos 1930–1950: peça formal masculina.
- Anos 1980: ombreiras exageradas e estética corporativa.
- Anos 2000 em diante: blazer oversized, colorido, desconstruído — usado por homens e mulheres, em eventos casuais ou formais.
Isso mostra que a peça em si não se esgota: ela se transforma junto com a cultura.
Ícones de Estilo no Brasil que Marcaram Época
Embora muitas vezes a história da moda seja contada com foco na Europa ou nos Estados Unidos, o Brasil possui um repertório vasto de ícones de estilo que marcaram época, cuja influência atravessa fronteiras e conecta estética, cultura popular, política e resistência. No Brasil, o estilo sempre foi profundamente ligado à expressividade, mistura de influências e valorização das raízes culturais.
Carmen Miranda – O Estilo Como Espetáculo Cultural
Nenhum ícone representa tão bem a fusão entre moda, performance e identidade brasileira como Carmen Miranda. Com seus turbantes extravagantes, saias volumosas e uso criativo de frutas como ornamentos, Carmen tornou-se uma das primeiras artistas latino-americanas a conquistar Hollywood nos anos 1940.
Por que ela é atemporal?
- Criou um estilo único que misturava tropicalismo, art déco e folclore.
- Transformou roupas em performance visual — seus figurinos eram cenográficos.
- Sua imagem se tornou símbolo da cultura brasileira no exterior (ainda que com estereótipos, que posteriormente foram reinterpretados).
- Inspirou coleções de grandes estilistas e é constantemente referenciada na moda pop.
Gal Costa, Caetano Veloso e os Ícones Tropicália
Durante a década de 1960, em meio à repressão da ditadura militar, artistas como Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes usaram a moda como linguagem política. Misturavam o psicodélico com o regional, o barroco com o pop, o religioso com o profano.
Elementos de estilo marcantes:
- Roupas coloridas, bordados, transparências e combinações inusitadas.
- Cabelos longos e soltos como símbolo de liberdade.
- Uso de vestimentas tradicionais (como a bata baiana) reinterpretadas com irreverência.
Esses artistas não apenas criaram um novo gênero musical, como também revolucionaram o vestir brasileiro, ao desafiar normas de gênero, estética e moral.
Elis Regina – A Elegância da Intensidade
Ícone da MPB, Elis Regina não apenas marcou a história da música, mas também construiu uma imagem visual forte. Seus figurinos nos anos 1970 uniam sofisticação, sobriedade e impacto dramático, em contraste com sua personalidade intensa.
- Uso de vestidos pretos, estampas fortes e cortes retos.
- Postura firme, olhar marcante e estilo vocal e corporal inconfundíveis.
- Representa a mulher brasileira forte, artística e politicamente engajada.
Gisele Bündchen – O Estilo Global com Raízes Brasileiras
Já nos anos 2000, o Brasil voltaria a ser protagonista da moda mundial com Gisele Bündchen, considerada a última das supermodelos internacionais. Seu estilo misturava o glamour das passarelas com a leveza natural brasileira.
Por que Gisele se tornou referência atemporal?
- Representa a beleza brasileira de forma internacional: bronzeada, com movimento, naturalidade.
- Sempre alinhada à sustentabilidade e à moda consciente.
- Manteve uma imagem sofisticada, mas acessível — símbolo da mulher moderna e multifacetada.
Outras Figuras Que Contribuíram com o Estilo Brasileiro:
Ícone | Contribuição Estética |
---|---|
Lázaro Ramos & Taís Araújo | Valorização da estética afro-brasileira na moda e no audiovisual |
Maria Bethânia | Uso de túnicas, branco e elementos religiosos — espiritualidade como estética |
Rita Lee | Estilo irreverente, colorido e libertário — precursora do rock fashion |
Seu Jorge | Mistura de samba, elegância casual e presença cultural negra forte |
Gilberto Gil | Vestimentas que valorizam raízes africanas, tropicais e modernas |
A Pluralidade como Marca Brasileira
O Brasil não possui uma única referência de estilo. Seu diferencial está justamente na diversidade estética, fruto da miscigenação de povos, climas, crenças e regiões. Essa pluralidade se reflete em ícones que vão da moda indígena contemporânea aos estilistas afrocentrados, dos trajes do sertão nordestino à moda urbana das periferias.
A presença de referências atemporais da moda e da cultura no Brasil é viva, múltipla e em constante reinvenção. Os ícones nacionais não apenas vestem a cultura — eles a encarnam com potência simbólica e afetiva.
A Moda Hoje: Novos Ícones e Novos Códigos
O século XXI transformou radicalmente o universo da moda. As estruturas tradicionais — passarelas, revistas, temporadas — já não detêm mais o monopólio da influência. Em seu lugar, surgiram redes sociais, movimentos coletivos, ativismo digital e novas formas de expressão estética. Nesse cenário, surgem novos ícones de estilo que marcam época, mas agora fundados em códigos muito mais fluidos, democráticos e múltiplos.
A Era da Influência Horizontal
Antes, o estilo era ditado por celebridades ou designers. Hoje, ele emerge das ruas, das redes e de comunidades periféricas. A internet descentralizou a criação estética, permitindo que pessoas comuns se tornassem referências globais.
Exemplos de ícones contemporâneos que se destacam por originalidade e posicionamento:
Nome | Características Estéticas | Impacto Cultural |
---|---|---|
Zendaya | Transita entre o clássico e o futurista com fluidez de gênero e elegância | Ícone de juventude negra, modernidade e liberdade estética |
Harry Styles | Roupas femininas, ternos coloridos, pérolas e saias | Desconstrução de masculinidade tradicional |
Billie Eilish | Oversized, estética urbana e códigos anti-sexualização | Representação da geração Z e crítica ao padrão de beleza imposto |
Bad Bunny | Looks coloridos, maquiagens, saias, unhas pintadas | Subversão de gênero na cena latina e urbana |
Essas figuras se tornaram referências atemporais da moda e da cultura contemporânea por algo essencial: seu estilo comunica identidade, questionamento e liberdade, mais do que beleza convencional.
Estética como Ativismo
A moda atual está cada vez mais conectada a temas como:
- Sustentabilidade: upcycling, slow fashion, tecidos orgânicos.
- Corpos reais: inclusão de corpos gordos, trans, maduros e com deficiências nas campanhas.
- Antirracismo e decolonialismo: valorização de estéticas negras, indígenas e afrocentradas.
- Gênero fluido: roupas sem gênero, coleções unissex e o fim das divisões binárias.
Hoje, vestir-se é também uma afirmação política, ambiental e identitária. Os novos ícones emergem não por seguir padrões, mas por quebrá-los com sensibilidade e autenticidade.
A Moda na Era Digital
A ascensão de plataformas como Instagram, TikTok, Pinterest e YouTube transformou a forma como o estilo é visto e compartilhado:
- Influencers de nicho criam comunidades com estéticas específicas (gótica, cottagecore, afro futurista, vintage retrô, etc.).
- Estilistas independentes ganham visibilidade sem depender da grande indústria.
- Looks virais surgem de vídeos, memes e desafios — e podem desaparecer tão rapidamente quanto surgem.
No entanto, alguns estilos se mantêm e se reciclam dentro dessas plataformas, mostrando que mesmo na era digital, ainda é possível criar uma estética duradoura e significativa.
Riscos e Desafios do Novo Estilo
- Excesso de estímulos visuais pode gerar ansiedade estética e necessidade constante de atualização.
- A fast fashion digital (com marcas lançando coleções semanais) acentua o consumo insustentável.
- A pressão para “performar estilo” nas redes pode afastar a autenticidade e reforçar novos padrões de exclusão.
Apesar disso, muitos criadores estão reconfigurando o que é ser um ícone. Estilo hoje é ter coragem de ser quem se é, em um mundo que ainda tenta impor moldes.
Como Se Inspirar em Ícones de Estilo na Vida Real?
Incorporar elementos dos ícones de estilo que marcaram época: referências atemporais da moda e da cultura não significa copiar um look ou seguir regras rígidas. Pelo contrário: trata-se de desenvolver um repertório visual e simbólico que reflita sua essência, seu tempo e seus valores. O estilo autêntico nasce da intersecção entre inspiração e identidade.
1. Descubra Suas Referências Pessoais
Antes de olhar para fora, olhe para dentro. O que te emociona visualmente? Quais estilos, décadas ou pessoas te fascinam? Você pode criar um painel de referências (físico ou digital), reunindo:
- Ícones de estilo que você admira.
- Paletas de cores que te representam.
- Formas e tecidos que combinam com seu corpo e estilo de vida.
- Códigos culturais com os quais você se identifica (afro, indígena, vintage, moderno, urbano, artesanal etc.).
Essas referências ajudam a construir um vocabulário visual próprio, que serve de base para suas escolhas de vestuário e imagem.
2. Misture o Atemporal com o Atual
É possível ser moderno sem abandonar o clássico. Incorporar peças e estilos que resistem ao tempo (como o blazer, o jeans, o vestido preto, a camisa branca) pode trazer elegância e consistência estética, enquanto acessórios, estampas ou cortes mais recentes adicionam frescor.
Exemplos de combinações inteligentes:
Atemporal | Atual | Resultado |
---|---|---|
Blazer de alfaiataria | Tênis esportivo colorido | Casual chic urbano |
Camisa branca | Calça de cintura alta e cintura marcada | Retrô contemporâneo |
Saia midi lisa | Camiseta com estampa gráfica | Look hi-lo moderno |
Trench coat clássico | Bolsa pequena em cor neon | Toque fashionista sutil |
3. Vista-se de Significado, Não de Aparência
Um dos maiores legados dos ícones de estilo é a forma como usavam a moda para comunicar ideias, posicionamentos e emoções. Isso é possível também no dia a dia. Escolher vestir marcas locais, roupas feitas por costureiras da sua comunidade, usar tecidos naturais, peças herdadas ou adaptadas — tudo isso transmite valores e histórias.
Você pode se perguntar ao escolher um look:
- Isso expressa algo sobre quem sou hoje?
- Essa peça conversa com meu corpo e meu momento?
- Estou vestindo um desejo, uma lembrança, um símbolo?
Estilo é, antes de tudo, expressão simbólica.
4. Invista em Qualidade e Relevância
Evite acumular roupas sem significado ou função. Ícones de estilo costumam ter peças-chave bem cuidadas, que funcionam em diferentes contextos. Mais do que quantidade, invista em:
- Bons tecidos.
- Caimento adequado ao seu corpo.
- Cores que valorizam sua pele e seu olhar.
- Acessórios marcantes que carreguem memória ou afeto.
Dica útil: Faça um “inventário afetivo” do seu guarda-roupa, separando as peças que te representam das que apenas ocupam espaço. A partir disso, monte combinações criativas e conscientes, inspiradas nos ícones que você admira.
5. Abrace a Liberdade e a Singularidade
A maior lição dos grandes nomes da moda é que não existe estilo verdadeiro sem liberdade. Ícones como Bowie, Frida, Madonna ou Caetano não pediram permissão para existir — eles ocuparam o espaço com originalidade, coragem e profundidade. Não se trata de chocar, mas de habitar o próprio corpo com potência e beleza, sem se curvar a imposições externas.
Perguntas Frequentes Sobre Ícones de Estilo
Ser um ícone de estilo é o mesmo que estar na moda?
Não. Embora essas ideias possam se cruzar, estar na moda refere-se a seguir tendências do momento, enquanto ser um ícone de estilo envolve transcender essas tendências e construir uma identidade visual própria, reconhecível e duradoura. Ícones não apenas seguem a moda — eles a inspiram ou até mesmo a rejeitam, criando um caminho estético alternativo. Alguém pode ser um ícone mesmo sem usar peças “da estação”, desde que sua imagem comunique autenticidade, presença e significados culturais.
Como identificar uma referência atemporal em um look?
Referências atemporais possuem algumas características consistentes:
- Funcionalidade e elegância combinadas.
- Peças que permanecem relevantes ao longo das décadas.
- Estética que se adapta a diferentes contextos e gerações.
- Associação a momentos ou personalidades que marcaram época.
Por exemplo, o uso de um trench coat, uma camisa branca de algodão ou um blazer bem estruturado tende a evocar estilos clássicos e duradouros, especialmente quando combinados com uma postura ou atitude que complemente o visual.
Qual é a diferença entre estilo e tendência?
Estilo é pessoal, interno e muitas vezes estável — é o conjunto de escolhas visuais que expressam quem você é. Já a tendência é externa, mutável e ditada pelo mercado ou por fenômenos culturais de curto prazo. Uma tendência pode ser absorvida pelo estilo pessoal, mas não o define. Os ícones de estilo que marcaram época foram aqueles que usaram tendências como linguagem, não como regra, e criaram uma marca estética própria.
Posso ser um ícone de estilo mesmo sem seguir moda?
Sim. Muitos dos maiores ícones da história da moda não seguiram padrões vigentes, mas os desafiaram. O que importa é clareza estética, coerência visual e força simbólica. Quando sua aparência comunica sua essência de forma potente, você se destaca — independentemente de estar alinhado com o que é considerado “fashion” naquele momento.
Além disso, vivemos em uma era onde a originalidade e o posicionamento são mais valorizados do que a obediência às regras do mercado da moda. Isso abre espaço para que qualquer pessoa, com autenticidade e consistência, se torne uma referência local, digital ou cultural.
A moda atual ainda cria ícones de verdade?
Sim, embora em uma dinâmica diferente. Na era digital, os ícones de estilo surgem de diversos territórios — redes sociais, periferias, culturas urbanas, movimentos políticos e comunidades globais. A velocidade da informação cria um ambiente mais efêmero, mas também mais democrático.
Ainda assim, alguns nomes contemporâneos já se consolidaram como referências atemporais da moda e da cultura, como mencionamos em seções anteriores: Zendaya, Harry Styles, Rihanna, Billie Eilish, entre outros. Eles não apenas ditam tendências — eles reconfiguram a forma como pensamos moda, corpo, gênero e expressão.
Conclusão
Os ícones de estilo que marcaram época não são apenas imagens congeladas em capas de revistas ou desfiles de moda. Eles são espelhos vivos de seu tempo — e, muitas vezes, antecipadores do que ainda estava por vir. Sua força reside na capacidade de transformar roupas em linguagem, presença em narrativa, e estética em cultura. Mais do que beleza, eles nos oferecem significados duradouros e inspirações possíveis.
A atemporalidade do estilo não está nas peças em si, mas na coerência entre quem se é e o que se escolhe vestir. Ao longo deste artigo, vimos como figuras de diferentes épocas e contextos — de Coco Chanel a Frida Kahlo, de David Bowie a Zendaya, de Carmen Miranda a Gisele Bündchen — moldaram o imaginário coletivo através de uma estética profundamente enraizada na cultura e na identidade.
Em um mundo cada vez mais visual e veloz, onde a moda se reinventa a cada clique, buscar referências atemporais é um gesto de resistência e consciência. É uma forma de valorizar o que é simbólico, significativo e autêntico, ao invés de nos perdermos no ruído do consumo rápido e das modas descartáveis.
Estar atento àquilo que atravessa o tempo e permanece, seja uma peça, uma ideia, uma atitude ou um olhar, é também um exercício de escuta estética e cultural. É nesse território, onde a moda se funde com a memória e o futuro, que surgem os verdadeiros ícones — aqueles que inspiram não apenas o vestir, mas o viver.
Sumário
ToggleSobre o Autor
Humberto V. Presser é um escritor e pesquisador brasileiro nascido em Soledade, cidade localizada no centro-norte do Rio Grande do Sul. Presser é formado em diversas áreas, com destaque para psicologia e teologia. Ele é bacharel em psicologia pela Bircham International University, em Madrid, na Espanha. Além disso, possui mestrado em Psicossomática e doutorado em Psicoterapia, ambos pela Bircham International University. Presser recebeu o Grau de Doutor Honoris Causa em Psicologia pela Universidade de Cambridge International, em Londres.